Meio ambiente


03/08/2012
Certificação LEED já abrange mais de 600 milhões de metros quadrados em todo o mundo


O EUA Green Building Council (USGBC) anunciou que a pegada total no planeta de projetos comerciais certificados no âmbito do programa LEED já ultrapassou um escalonamento de 600 milhões de metros quadrados. O que mais impressionana é que um adicional de mais de dois milhões de metros quadrados estão na fila aguardando a certificação.

Em comunicado de Rick Fedrizzi, Presidente, CEO e fundador da USGBC disse: "Nas comunidades em todo o mundo, os líderes de cada setor da indústria da construção civil estão reinventando suas 
paisagens locais, com edifícios que animam e reforçam a saúde do nosso meio ambiente, comunidades e as economias locais. A jornada para este marco energizou nossa economia, injetando 554 bilhões de  dólares anualmente na economia dos EUA e dando apoio para a criação de 7,9 milhões de empregos em todos os EUA"

O programa LEED é bastante reconhecido, com suas certificações informando o quão verde é um prédio particular, estando presente em mais de 130 países .

Os EUA Green Building Council já disse que atualmente quase 50.000 projetos comerciais participam do programa. Além disso, cerca de 23.000 casas em todo os EUA ganharam a certificação através do programa LEED para casas, com cerca de 86.000 unidades adicionais na espera. Isso é mais de 159.000 projetos cadastrados e certificados em LEED!


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Cidades europeias planejam combater riscos de aquecimento climático

De acordo com pesquisa, 54% das cidades enxergam os riscos que correm como severos ou muito severos

LONDRES - Cidades europeias estão planejando se adaptar à mudança climática conforme os riscos se tornam mais severos, mostrou nesta quinta-feira um relatório da organização de medição de emissões Carbon Disclosure Project (CDP) e a empresa de consultoria Accenture.

As cidades estão tendo que planejar cada vez mais defesas contra enchentes, modos de lidar com a água em épocas de seca, garantir que novos edifícios forneçam resfriamento natural aos ocupantes e adaptar prédios e infraestruturas antigos para serem mais eficientes em energia.

O relatório pesquisou 22 cidades europeias, incluindo Amsterdã, Berlim, Istambul, Londres, Manchester, Moscou, Paris e Roma, sobre as suas emissões de gases e estratégias de mudança climática.

O resultado foi publicado menos de uma semana depois que uma cúpula da Organização das Nações Unidas no Rio de Janeiro, a Rio+20, fracassou em definir metas claras de desenvolvimento sustentável e deixou muitas pessoas convencidas de que os governos locais e as empresas terão de liderar os esforços para melhorar o meio ambiente.

A pesquisa descobriu que 17 das 22 cidades europeias estudadas, ou 77 por cento, completaram ou quase completaram as avaliações de risco para entender como a mudança climática vai afetá-las.

Dezoito das 22 cidades europeias disseram que enfrentam "riscos significativos" da mudança climática, e 54 por cento delas enxergam esses riscos como "severos" ou "muito severos".

Devido a esses riscos, as cidades estão buscando cada vez mais desenvolver planos adaptativos. Catorze cidades europeias, ou 64 por cento das 22 pesquisadas, já têm um plano de adaptação em vigor, enquanto outras duas estão desenvolvendo projetos.

"As cidades europeias estão demonstrando liderança e a melhor prática na gestão da mudança climática em nível local", disse o chefe do programa de cidades do CDP, Conor Riffle.

"O relatório mostra que outras cidades podem se beneficiar implementando estratégias similares, como a medição anual e relato de emissões de gases do efeito estufa".

Emissões

As emissões globais de dióxido de carbono, um dos principais gases que provocam o efeito estufa responsável pelo aquecimento do planeta, atingiram o recorde de alta no ano passado, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

Oitenta e seis por cento das cidades europeias analisadas estabeleceram uma meta de redução das emissões, em comparação a uma média global de 70 por cento das cidades, afirmou o CDP.

Baseado nos últimos números fornecidos por quatro cidades ao CDP, as emissões de Londres caíram 3,6 por cento, para 43,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2010 com relação a 2008, e as de Copenhague caíram 5,2 por cento, para cerca de 2,5 milhões de toneladas em 2010 com relação a 2009.

As emissões de Berlim subiram 4,1 por cento, para mais de 20,7 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono em 2008 com relação a 2007, e as de Roterdã cresceram 6 por cento em 2010, para 29,6 milhões de toneladas com relação a 2009.

"O crescimento populacional, a atividade econômica, os padrões meteorológicos e outros fatores que estão fora do controle direto do governo da cidade podem dificultar, se não tornar impossível, mostrar reduções estáveis nas emissões", disse o relatório.


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Custo do aquecimento global na América Latina é de US$ 100 bi  ao ano, diz BID

Estudo adverte que região sofrerá prejuízos anuais até 2050 se medidas preventivas não forem tomadas

Os países da América Latina e o Caribe enfrentarão prejuízos anuais de US$ 100 bilhões até 2050, caso não adotem medidas para tentar conter os danos em decorrência do aquecimento global.

O alarme vem de um levantamento feito pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em conjunto com a Comissão Econômica da América Latina e o Caribe (Cepal) e a World Wildlife Fund (WWF), que será apresentado nesta terça-feira, 5, em Washington e no dia 20 na Rio+20, no Rio de Janeiro.

Para chegar ao número estimado do prejuízo, o relatório avaliou a literatura que identificou os diferentes impactos físicos e também fez cálculos próprios. “A novidade é que, pela primeira vez, temos um cálculo dos impactos físicos, utilizando uma metodologia similar e colocando custos financeiros em uma moeda que possa ser comparativa, no caso, o dólar”, disse ao Estado Walter Vergara, chefe da Divisão de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade do BID.

De acordo com Vergara, os impactos físicos podem ser reduzidos com investimentos em adaptação. Ele cita que os problemas de perda de capacidade dos reservatórios hidroelétricos no Brasil, por exemplo, podem ser compensados com ações de reflorestamento.

“Uma medida de adaptação muito simples para o Brasil é trabalhar em bacias altas, acima dos reservatórios, fazer reflorestamento e conservar os bosques para que eles consigam reter a água e diminuir o impacto físico da perda de energia. Assim você consegue diminuir a velocidade de escoamento das águas e aumentar o armazenamento no solo”, explicou Vergara.

O aumento do nível do mar também é outro impacto importante do aquecimento global. Para isso, o relatório aponta a necessidade de planejamento de infraestrutura urbana e também a construção de barreiras físicas.

O relatório ainda aponta os prejuízos nas lavouras agrícolas na América Tropical, Brasil, Bolívia e norte da Argentina em decorrência das condições climáticas. “Nas áreas onde era possível plantar soja, por exemplo, será necessário encontrar sementes que consigam se adaptar às mudanças de temperatura.”

Segundo Vergara, o relatório ainda faz os cálculos do custo financeiro associado à diminuição rápida de emissões de gases na América Latina. “A gente calcula que será necessário investir outros US$ 110 bilhões por ano para reduzir as emissões do estágio de hoje para 2 toneladas per capita para o ano 2050. Essa é a única forma para que o planeta não esquente mais do que 2ºC neste século”, finalizou.
Veja entrevista na íntegra:

1 - O relatório aponta as perdas de US$ 100 bilhões por ano. De que forma chegaram a essa conclusão?

O relatório fez uma avaliação da literatura científica que identificou os diferentes impactos físicos. E conseguimos também na literatura fazer uma relação entre os impactos físicos e custos associados. Para alguns impactos conseguimos as informações na literatura, para outros nós fizemos os cálculos. A novidade do estudo consiste em que pela primeira vez temos feito um cálculo de muitos impactos físicos, utilizando uma metodologia similar e colocando os custos financeiros em uma moeda que possa ser comparativo. Os custos foram calculados para dólares. Em resumo, fizemos uma avaliação de todo impacto físico com base na literatura e colocamos tudo em uma forma que fosse compatível para toda região.

2 - Quanto tempo demorou o levantamento?
Não demorou muito. O relatório começou a ser feito em dezembro de 2011 e conseguimos finalizá-lo agora, no início de junho.

3 - Os dados serão apresentados na Rio+20?

Sim, será apresentado no dia 20 de junho na Rio+20, num evento especial no Hotel Barra Windsor, às 9h.

4 - O relatório aponta que os investimentos em adaptação significariam 10% dos prejuízos de US$ 100 bilhões ao ano. Que tipo de ações seriam necessárias para reduzir os impactos ambientais?

Depende dos impactos. Por exemplo: o derretimento dos glaciares, nos Andes, trazem um prejuízo financeiro muito alto para as populações locais. Mas o derretimento pode ser compensado com algumas ações de adaptação para conservar a retenção da água no solo, nas montanhas, e também a construção de reservatórios de altura para aumentar a capacidade de armazenamento dessa água. No Brasil, temos um problema muito grave que é a perda de capacidade dos reservatórios hidroelétricos.

5 - O estudo inclui uma avaliação dessa perda, e haverá uma perda da capacidade de geração de eletricidade. O que pode ser feito?

Se você não faz adaptação, os impactos físicos vão repercutir num prejuízo de disponibilidade de energia elétrica no Brasil. Nesse caso, uma medida de adaptação muito simples é trabalhar em bacias altas, acima dos reservatórios, fazer reflorestamento, conservar os bosques nessas áreas para que eles consigam reter a água e diminuir o impacto físico da perda de energia firme. Se você consegue conservar os bosques e reflorestar nas partes altas, você consegue diminuir a velocidade de escoamento das águas. Quando chove muito forte a água vai transbordar, não vai ter capacidade de armazenamento adequada, e com a conservação dos bosques você consegue diminuir o escoamento e armazenar no solo. Isso aumenta a capacidade dos reservatórios de manter a água para geração de eletricidade. Com a mudança climática, tem chuvas muito intensas. Essa água escorre e chega no mar rapidamente.

6 - Esse tipo de ação é suficiente para diminuir o impacto do aquecimento?

O aquecimento vai acontecer. O que você precisa é se adaptar com medidas de ação para diminuir o impacto físico. Tem outras medidas de adaptação que talvez sejam mais fáceis de discutir. O aumento do nível do mar, por exemplo, vai ter um impacto em toda a costa do Brasil e da América Latina porque vai atingir cidades costeiras e estradas que ficam ao lado do mar. Muitas áreas poderão ser inundadas. O que fazer? São duas opções: você pode planejar a longo prazo e fazer novas obras de infraestrutura terra adentro, mais longe do mar. É uma medida de adaptação que vai prevenir prejuízos futuros.

Mas você pode dizer que não pode mudar uma cidade, nem mudar o local de uma rodovia. Outra medida seria construir uma defesa física para que essas cidades ou essas rodovias não sejam afetadas pelo aumento do nível do mar.

7 - Que tipo de defesa física, por exemplo?

Bom, a rodovia poderia ser levantada. Ficar mais alta. A cidade é muito mais complexo e vai precisar de defesas físicas como está acontecendo na Holanda, por exemplo, onde temos barreiras de contenção para impedir a entrada do mar na cidade. Isso possivelmente vai ser necessário por aqui.

8 - Se a América Latina e o Caribe contribuem só com 11% das emissões, por que são regiões tão vulneráveis?

Porque o aquecimento é um fenômeno global. Se um país produz muitas emissões, essas emissões vão afetar todo o planeta, não importa se estamos no Brasil ou no Vietnã.

9 - Quais são os principais prejuízos para esses países?

Um bom exemplo é a produção agrícola na América Tropical, Brasil, Bolívia, norte da Argentina. Todos eles vão sofrer com o aquecimento porque por um lado as condições climáticas mudam e a lavoura agrícola terá de se adaptar. Naquela área onde era possível plantar soja, por exemplo, terá de mudar e encontrar sementes que consigam se acomodar às mudanças de temperatura e umidade que vão ser resultado das novas condições climáticas.

Os prejuízos são muitos e o relatório aponta essa queda de produção agrícola, queda da produção de energia elétrica, inundação das áreas costeiras, branqueamento dos corais, o derretimento dos glaciais. Muitos impactos físicos.

10 - Em quanto tempo acredita-se que haverá esse aumento do nível do mar?

A literatura científica conclui que nesse século o nível do mar pode aumentar mais de um metro, quase dois metros. Essa é a literatura mais recente. Então, quando vai acontecer ninguém sabe, mas nós esperamos o aumento de um metro ainda neste século.

11 - Em quanto tempo o senhor acha que esse investimento deveria ser feito para reduzir os danos?

A minha sugestão é que esses investimentos em adaptação tem de ser feitos o mais cedo possível porque o processo de adaptação toma muito tempo. Imagine um país como a Guiana, em que a capital está um pouco abaixo do nível do mar. Imagine que o nível do mar vai aumentar e se as pessoas que moram na área costeira desse país não se prepararem com antecipação, vão sofrer muito com as consequências. Os países têm de iniciar os processos de adaptação agora mesmo. Já. Ontem. Precisam planejar com muito tempo e identificar quais são as ações mais efetivas para reduzir os danos da mudança climática.

12 - Mas esses países são mais pobres, estão em desenvolvimento. Como adequar esse tipo de investimento à realidade de cada país?

Os países da América do Sul e da América Latina em geral são países que têm muitas prioridades de investimento em saúde, educação, habitação, todas as coisas essenciais para o desenvolvimento. Esses países tem muitas necessidades nessas áreas. Os prejuízos da mudança climática serão uma demanda adicional para os poucos recursos financeiros que esses países têm hoje. Por isso esse é um desafio muito importante para o desenvolvimento futuro. Como colocar o dinheiro que tem muitos usos básicos nessas ações, o que podemos fazer? Eu não sei a resposta para essa questão, mas o que eu posso dizer é que sem o processo de adaptação os prejuízos serão ainda maiores.

Uma coisa muito importante para evitar prejuízos ainda maiores ao planeta como um todo é reduzir as emissões rapidamente. O relatório faz um cálculo dos custos financeiros associados à diminuição rápida de emissões na América Latina. E a gente calcula que será necessário investir outros US$ 110 bilhões por ano para reduzir as emissões da América Latina do estágio de hoje para 2 toneladas per capita para o ano 2050. O cálculo que a gente fez é a única forma para ter uma chance de manter a temperatura para não mais de 2º para cima da temperatura normal. Para que o planeta não se esquente mais do que 2º neste século. Para fazer esse esforço, para reduzir as emissões, a gente fez o cálculo e os países da América Latina teriam de investir US$ 110 bilhões ao ano - coincidentemente a mesma figura do prejuízo estimado, de ao redor de US$ 100 bilhões ao ano.

Fernanda Bassette - O Estado de S. Paulo
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Bonn: Conferência sobre Mudança Climática não consegue fazer qualquer progresso Devido à falta de vontade política

A conferência sobre mudanças climáticas em Bonn seria para a criação de um plano de trabalho que resultaria em um novo tratado climático global até 2020. Em vez disso, as negociações terminaram em decepção. Não há progresso sendo feito, e há preocupações de estão praticamente sem vontade política, com prejuízo às decisões tomadas durante as conversações de Durban no ano passado.


Parece ser a mesma velha história: economias em rápido crescimento como a Índia e a China não querem implementar um tratado que irá restringir o seu crescimento, enquanto os países mais desenvolvidos estão dispostos a fazer todas as alterações por si mesmos. Como resultado, os países que participaram em Bonn só conseguiram elaborar uma agenda parcial ao invés de um plano de trabalho consistente para os próximos três anos.


Em declarações à imprensa, um porta-voz dos países desenvolvidos resumiu os sentimentos do movimento ambientalista: "É extremamente frustrante ter conseguido tão pouco. Estamos andando para trás, não para a frente. "
Não são apenas os países desenvolvidos que estão sob a ameaça do aumento do nível dos oceanos. Em um comunicado, Connie Hedegaard, chefe climático da UE, disse: "O mundo não pode permitir que alguns queiram retroceder a partir do que foi acordado em Durban apenas cinco meses atrás. Durban era – e ainda é - um pacote fragilmente equilibrado, onde todos os elementos devem ser andar no mesmo ritmo. É muito preocupante que as tentativas de voltar atrás tenham sido tão óbvias e demoradas nas negociações de Bonans nas últimas duas semanas. "


Entre as muitas questões que causaram intermináveis discussões e debates foi a criação de um "Fundo Climático Verde” que direciona o dinheiro do mundo desenvolvido aos países mais pobres para ajudá-los a cortar as emissões de gases de efeito estufa e lidar com os efeitos da mudança climática.


No entanto, não havia luz no fim do túnel em que muitos concordem com o protocolo de Kyoto. Espera-se que em novembro deste ano seja concluída a conferência em Doha, no Catar, mas até agora só os países da UE alguns outros desenvolvidos estão aderindo a ele. Japão e Canadá saíram do acordo, e os EUA não ratificaram o tratado,  considerado o sucessor do Protocolo de Quioto e do  Copenhagen,  compromissos assumidos na cúpula de 2009. Na ocasião, os países desenvolvidos e em desenvolvimento concordaram pela primeira vez em reduzir as emissões até 2020.


Em última análise, tudo se resume a vontade política e econômica e, atualmente, isto é o que falta no mundo inteiro. Tove Ryding Maria, coordenador internacional de políticas climáticas do Greenpeace, disse: "Aqui em Bonn temos visto claramente que a crise climática não é causada pela falta de opções e soluções, mas pela falta de ação política. É um absurdo assistir governos se portarem de modo semelhante a brigas de crianças pequenas, enquanto os cientistas explicam sobre os impactos terríveis da mudança climática e o fato de que temos toda a tecnologia que precisamos para resolver o problema, criando também novos empregos verdes ".


Celine Charveriat, diretora jurídica da Oxfam, dividiu a mesma opinião e ainda acrescentou: "No momento em que as reduções de emissões são mais urgentes do que nunca, os países desenvolvidos em Bonn não fizeram nenhum progresso para fechar a lacuna entre as metas atuais do clima e o que é necessário para evitar a pior mudança climática. Os países desenvolvidos devem melhorar o seu atual baixo nível de ambição e aceitar metas de redução mais elevados. "
Vamos aguardar a reunião em Qatar com os dedos cruzados.


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Brasil é o 10º país que mais investe em energia limpa, diz relatório
Investimentos subiram 15% e chegaram a US$ 8 bilhões em 2011; EUA lideram ranking




Um relatório divulgado na quarta-feira, 11, pelo instituto americano Pew indica que o Brasil é o décimo país que mais investe em energia limpa, tendo direcionado US$ 8 bilhões para o desenvolvimento da produção alternativa - um aumento de 15% em relação a 2010. O documento ainda aponta que o País registrou a terceira maior taxa de crescimento no setor nos últimos cinco anos entre os países do G20.

O documento, intitulado Who is Winning the Clean Energy Race (Quem Está Ganhando a Corrida da Energia Limpa, em tradução livre), destacou os investimentos do Brasil em energia eólica, superando a produção de 1 gigawatt em 2011, suficiente para abastecer 750 mil casas. O setor ainda deve se desenvolver nos próximos anos, segundo o Pew.

Em âmbito global, o ano passado registrou recorde no investimento em energias limpas. Foram US$ 263 bilhões, um aumento de 6,5% comparado a 2010. A fonte de produção que mais cresceu foi a solar - 44%, atraindo US$ 128 bilhões em investimentos e respondendo por mais da metade da energia limpa produzida pelo G20. A queda dos preços nos últimos doze meses foi a maior responsável pelo crescimento.

No total, a capacidade de produção de energia limpa foi ampliada em 83,5 gigawatts em todo o mundo no ano passado, sendo 30 gigawatts de energia solar e 43 gigawatts de energia eólica. O mundo consegue produzir agora 565 gigawatts de energia limpa.

Nas Américas, o Brasil está apenas atrás dos Estados Unidos, que retomaram o primeiro lugar do ranking da China, líder no último biênio. Os americanos investiram US$ 48 bilhões em energias limpas no ano passado, um aumento de 44% comparado a 2010. O Canadá, outro país americano listado, é o 11º.

"O investimento em energias limpas, sem contar pesquisa e desenvolvimento, cresceu 600% desde 2004, com base nas políticas nacionais que criaram estabilidade no mercado", disse Phyllis Cuttino, diretor do programa de energia limpa do Pew. "Esse aumento é significante porque significa inovação, comercialização e instalação de tecnologias que criam oportunidades para todos os setores do mercado", completa.

Completam o ranking China (US$ 45.5 bilhões), Alemanha (US$ 30.6 bilhões), Itália (US$ 28 bilhões), os outros países da zona do euro (US$ 11,1 bilhões), Índia (US$ 10.2 bilhões), Grã-Bretanha (US$ 9.4 bilhões), Japão (US$ 8,6 bilhões) e Espanha (US$ 8,6 bilhões).


Fonte: estadao.com.br _________________________________

A grande questão: Será que a fusão a frio realmente resolverá a crise energética mundial?


A questão da fusão a frio e sua praticidade tem sido tema de profundos debates. O foco no assunto foi intensificado desde que Stanley Pons e Martin Fleischmann saíram com sua alegação de que realmente tiveram êxito neste processo em laboratório. Pouco tempo depois, foi comprovado por outros cientistas que o experimento 'Pons - Fleischmann' foi mais uma má interpretação de dados e alguns erros de laboratório ao invés de um processo revolucionário para produzir energia.

Casa conceito de Design "Torus" utiliiza E-Cat/LENR como sistema de geração de energia 

Entretanto, com o mais recente desastre no Japão e na Usina Nuclear de Fukushima, o mundo está sentindo o perigo real dos reatores nucleares. Então, para onde exatamente nós iremos partir daqui dada a gravidade da situação atual.

Os reatores nucleares estão gerando resíduos em todo o planeta diariamente. De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), existem cerca de 439 reatores nucleares no mundo, espalhados em 31 países. Mas as preocupações de segurança que vêm atrelados a estes reatores nucleares estão sempre presentes, e crescendo a cada dia. Não importa o quanto a ciência tente manter e melhorar os mecanismos de segurança, os chamados "fool-proof", ele simplesmente não tem sido capazes de conseguir pleno êxito mesmo depois de décadas de desenvolvimento tecnológico. Enquanto o horror de Chernobyl abalou os anos 80 e 90, a mais recente catástrofe de Fukushima reiterou o fato de que a segurança nunca é garantida.

Enquanto esses eventos foram considerados os dois únicos desastres nucleares considerados em 'Nível 7' na Escala Internacional de Ocorrências Nucleares, houve outros que também geraram material radioativo e causou preocupações, embora em uma escala menor. Como o mundo hoje produz 13 a 14 por cento de sua eletricidade usando o processo de fissão nuclear, podemos realmente ter outro Chernobyl? Este é o lugar onde o conceito de fusão a frio vem de encontro.

Embora a fusão tenha geralmente lugar a temperaturas mais elevadas, a fusão a frio propõe uma fusão nuclear a temperatura ambiente ou em condições semelhantes. A maior parte destas experiências envolveram o elemento Paládio e a sua capacidade para reagir com água pesada (deutério) para produzir um processo exotérmico. Embora nenhum dos resultados até agora têm sido capazes de convencer o mundo de um processo bem sucedido, vamos dar uma olhada em designers que já estão contando com isso como possibilidade real.

Inovações que contam com a fusão a frio

Conceito Torus Casa Design

Projetado para aproveitar a reação de baixa energia Nuclear (LENR - o nome que as pessoas têm atribuído a fusão a frio na última década ou depois que a idéia inicial foi considerado inviável), esta casa conceito é alimentada por um sistema de fusão a frio. Há também uma casa verde, um abrigo subterrâneo, juntamente com todas as outras características que você encontraria em uma casa. O único extra é a fonte de alimentação "Fusão a Frio."

E Cat- usina de fusão a frio

Andrea Rossi está decidido a provar ao mundo que a fusão a frio é de fato uma fonte de energia viável e confiável, que pode alimentar as nossas casas nos próximos anos. Ele já produziu o E-Cat Fusão a Frio,  usina que supostamente produz 470 KW de energia em cinco horas. O problema é que, embora não possa produzir energia contínua e sustentável, parece ser um bom começo.

Motor E Cat-motor para aquecimento de casas

Este novo conceito vem de Andrea Rossi, que pediu uma patente sobre o motor e sua tecnologia, mas foi recusada por razões de falta de validação científica adequada ou resultados experimentais para apoiá-la. Não sabemos se a máquina E-Cat funciona bem e se Rossi tenha tropeçado sobre a fusão a frio perfeita ou se funciona de fato.

Os obstáculos e as possibilidades futuras

O primeiro grande obstáculo para a fusão a frio é muito simples: a validade científica. O teste de princípio fundamental da ciência é a repetibilidade. Sob as mesmas condições e com mesmos materiais, o mesmo resultado deve ser produzido a cada momento. A fusão a frio não tem conseguido isso. Certas teorias sobre fusão a frio são atormentados com escancarado buracos lógicos. Manter a produção controlada de energia usando este processo é outro desafio a ser encarado.

Se os obstáculos forem superados e fusão a frio for realidade, então nós poderíamos ser dirigido para um futuro sem emissões de carbono e resíduos radioativos.

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Projetos para desenvolver a energia solar começam a sair do papel
Dezoito projetos de pesquisa em energia solar, avaliados em R$ 400 milhões, começam a ser viabilizados pelo setor elétrico; painéis fotovoltaicos, que já atraem investimentos da indústria nacional, serão instalados em parques e estádios de futebol 


Fernando Scheller, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - As empresas do setor elétrico começam a tirar do papel os projetos de pesquisa e desenvolvimento que têm o objetivo de tornar a energia solar economicamente viável no País. No ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou 18 propostas, que totalizam cerca de R$ 400 milhões e buscam encontrar as tecnologias capazes de derrubar o preço da energia fotovoltaica um terço do cobrado atualmente.

As empresas têm prazo de três anos para apresentar resultados. Entre os projetos apresentados, os maiores investimentos individuais são os da Tractebel, avaliado em R$ 60 milhões, e o da Companhia Paranaense de Energia (Copel), de R$ 50 milhões. Para testar a viabilidade da energia solar, empresas deverão instalar painéis fotovoltaicos em locais conhecidos de São Paulo, como o Parque Villa-Lobos (projeto de R$ 13 milhões da Companhia Energética de São Paulo - Cesp) e o futuro estádio Itaquerão (investimento de R$ 24 milhões da AES Eletropaulo).

Na corrida para ganhar conhecimento e competitividade no setor, a Cesp e a Companhia Paulista Força e Luz (CPFL) estão trabalhando rapidamente para instalar seus painéis já nos próximos meses. A Cesp informa que a assinatura do contrato para o "plantel" de energia solar no Parque Villa-Lobos será assinado no mês que vem. A expectativa é que os testes comecem até o fim de 2012. Já a CPFL já iniciou o trabalho de seu projeto - que também consumirá R$ 13 milhões - e prevê a conclusão para o início do ano que vem.

Para economizar investimentos com linhas de transmissão, a CPFL decidiu construir seu projeto na Subestação Tanquinho, em Campinas (SP). Segundo o diretor de estratégia e inovação da CPFL Energia, Fernando Mano, a capacidade instalada é pequena, suficiente para abastecer 650 clientes com consumo de 200 KWh por mês. "Estamos buscando uma forma de aproveitar melhor a insolação do Brasil. E queremos ser pioneiros nesse segmento", afirma Mano.

Como a ideia é testar tecnologias, a capacidade instalada dos 18 projetos apresentados à Aneel não será suficiente para dar qualquer relevância comercial à energia solar no País. Hoje, são oito projetos em operação no País, que tem relevância zero no total da eletricidade consumida no Brasil. Os oito projetos já em operação não envolvem as companhias elétricas, mas sim institutos de pesquisa, grandes grupos nacionais (caso da MPX, de Eike Batista) e multinacionais como a Dupont.

Preços. Hoje, o megawatt/hora de origem fotovoltaica custa pelo menos R$ 300, bem mais do que a mesma quantidade de energia proveniente de parques eólicos, vendida por cerca de R$ 100, e de usinas hidrelétricas, que fica um pouco abaixo deste patamar. Como ocorreu com a energia eólica nos últimos oito anos, a ideia é que o preço da energia de fonte solar seja reduzido a um terço do valor atual em poucos anos (leia quadro).

Um dos motivos para o atraso na energia solar é a relativa segurança energética do Brasil - um dos poucos testes a essa tranquilidade foi o apagão de 2001. Segundo Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pressão por fontes alternativas é maior na Europa, por exemplo. "Lá, eles dependem de petróleo e gás importados, que têm um impacto econômico grande, ou então do carvão, que é muito poluente", explica.

No entanto, há empresas que já fazem investimentos apostando no crescimento do setor. A Tecnometal, metalúrgica que fatura R$ 350 milhões por ano, já iniciou a produção de placas fotovoltaicas - mercado que terá de disputar com pesos-pesados internacionais, como a alemã Siemens. Segundo Bruno Topel, responsável por projetos especiais na empresa, a Tecnometal será fornecedora em pelo menos cinco dos projetos de pesquisa aprovados pela Aneel.

O executivo admite que os gastos se baseiam apenas na "fé no futuro" do setor. "Ainda estamos no dia um do ano zero da energia solar no Brasil", afirma Topel. Ele ressalta que a empresa está preparada para fornecer um sistema de placas totalmente produzido no Brasil. E diz que a aposta da Aneel na energia solar vem para validar sua crença pessoal no setor. "Venho trabalhando nisso há 30 anos. Pelo menos agora sei que não sou louco."

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Cientistas chamam atenção para futuro dos oceanos

Aumento das temperaturas médias dos mares pode levar à extinção de entre 20% e 50% das espécies do planeta


24/02/2012

A conferência anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS) foi realizada de 16 a 20 de fevereiro em Vancouver, cidade à beira-mar no Canadá. Não por acaso, diversos relatos de pesquisas relevantes sobre a vida e o futuro dos oceanos foram apresentados durante o encontro e chamaram a atenção do público em geral e especialmente da comunidade local.

Uma das exposições de grande repercussão foi a de James Hansen, do Instituto Goddard para Estudos Espaciais da Nasa, a agência espacial norte-americana. Segundo Hansen, o uso intensivo de combustíveis fósseis e o consequente aumento das temperaturas médias dos oceanos (já bastante superiores às do Holoceno) podem levar, entre outras consequências, a elevações de vários metros do nível dos oceanos e à extinção de entre 20% e 50% das espécies do planeta.

A elevação do nível dos mares coloca em risco a própria existência física de cidades em áreas costeiras de baixa altitude, como é o caso de Vancouver, entre muitas outras. O fenômeno é intensificado pelo derretimento de parte das calotas polares, também decorrente do aquecimento global, especialmente em regiões mais próximos dos polos, como também é o caso da cidade canadense.

O alerta de Hansen, uma das grandes estrelas da reunião da AAAS, teve, portanto, grande impacto na opinião pública da cidade anfitriã da conferência, inclusive porque suas autoridades públicas tomaram recentes decisões que seguem na contramão das advertências do cientista.

Por exemplo, há planos para dobrar a produção de carvão metalúrgico e fazer crescer significativamente a de gás natural liquefeito, não só para atender à demanda local por energia, mas também para exportação.

Menos célebre do que Hansen, mas também muito respeitado na comunidade científica internacional, Villy Christensen, professor da Universidade da Colúmbia Britânica, apresentou resultados iniciais, mas impressionantes, de seu projeto Nereus, cujo nome homenageia o deus grego que previa o futuro e morava no mar Egeu.

Segundo Christensen, as melhores estimativas atuais são de que há nos oceanos cerca de 2 bilhões de toneladas de peixe, ou seja, cerca de 300 quilos para cada habitante do planeta. No entanto, pelo menos metade disso está em zonas muito profundas dos mares, é constituída de espécies pequenas demais em tamanho e, por isso, é inviável para exploração comercial e consumo humano.

E na outra metade, de peixes que medem pelo menos 90 centímetros e são apropriados para alimentação de pessoas, houve um declínio da biomassa de 55% de 1970 até agora. “É uma mudança dramática e global”, disse.

Christensen defendeu que se invista mais em pesquisa sobre a vida marinha e especialmente sobre o impacto do aquecimento global sobre ela para que decisões políticas apropriadas possam ser tomadas, mas - apesar da necessidade de mais estudos - ele acha que o que já se sabe é suficiente para muita preocupação com o futuro.

Por exemplo, há a previsão de que o aumento da temperatura das águas vai fazer com que muitas espécies de animais marinhos procurem as águas mais frias das regiões mais próximas dos polos, o que poderia beneficiar os habitantes dessas áreas.

Mas William Cheung, que trabalha no mesmo projeto Nereus, argumenta que essa conclusão otimista pode ser apressada e errada: diferenças de quantidade de oxigênio em águas frias e quente e a crescente acidificação dos oceanos, outra consequência das mudanças climáticas, também comprometem negativamente a produtividade marítima.

Lisa Levin, do Instituto de Oceanografia Scripps, da Califórnia, em outra atividade da conferência da AAAS, corroborou indiretamente a fala de Cheung. Levin mostrou conclusões de sua pesquisa, segundo as quais o aquecimento dos oceanos produzidos pelas mudanças climáticas está causando a expansão de zonas submarinas de baixo oxigênio, o que afeta negativamente a produção pesqueira de diversas regiões, inclusive as da costa da Colúmbia Britânica.

Levin chama o fenômeno de “compressão de habitat” e disse que ele afeta áreas que se estendem por mais de 150 mil quilômetros em torno das beiradas dos oceanos. Segundo suas previsões, até o ano de 2050, peixes que habitam nessas regiões podem perder 50% na variação da profundidade em que vivem.

Os canadenses são bastante sensíveis para este tipo de problema por já terem visto como podem ser socialmente dramáticos os seus efeitos. Há cerca de 20 anos, a escassez da produção de bacalhau na região de Newfoudland, na costa leste do país, provocou o fim de 40 mil empregos. Diversas espécies de peixe - como o do bacalhau atlântico daquela cidade - estão sendo consideradas como ameaçadas de extinção e sua pesca está sendo restringida ou totalmente proibida.

Patentes genéticas

Os efeitos dos problemas dos oceanos são percebidos em vários países. O professor Rashid Sumaila, também da Universidade da Colúmbia Britânica, apresentou aos participantes da conferência da AAAS estudos que conduziu no México que apontam redução de até 20% em poucos anos na produção de pesca de diversas espécies de peixes e moluscos.

Os efeitos de mudanças nos oceanos na vida do planeta discutidos na reunião da AAAS em Vancouver não se limitaram aos atuais e aos do futuro.

Peter DeMonocal, biólogo marinho da Universidade Columbia de Nova York, mostrou sua pesquisa, de acordo com a qual grandes diferenças de temperatura nos oceanos Índico e Pacífico que ocorreram há 2 milhões de anos foram responsáveis por alterações de padrões de chuva na África oriental que desertificaram vastas áreas daquele pedaço do mundo.

Mesmo quando as notícias sobre a exploração, a atividade e as mudanças nos oceanos apresentadas no encontro da AAAS são inegavelmente positivas, elas não deixaram de trazer junto com elas algum tipo de preocupação.

Por exemplo, Carlos Duarte, diretor do Instituto de Oceanos da Universidade da Austrália Ocidental, relatou como um grande tesouro de recursos genéticos está sendo descoberto e permitirá aplicações em diversos setores da economia, como medicamentos para combater dores, câncer, regenerar tecidos e ossos ou para gerar biocombustíveis.

De acordo com Duarte, desde 2009 cerca de 5 mil patentes genéticas de organismos marinhos foram requeridas e é previsto um aumento de 12% ao ano desta quantidade. Duarte também afirmou que a vida marinha tem uma diversidade muito superior à da terrestre e que pode levar até mil anos para que todas as suas espécies sejam descobertas e catalogadas.

Tudo isso pode ser ótimo, mas também pode provocar ainda mais problemas se não houver uma regulamentação bem concebida e cumprida rigorosamente para evitar excessos na pesquisa e exploração desses recursos, que agravariam ainda mais os efeitos das mudanças climáticas.

Além disso, há a questão de quem vai usufruir materialmente dessas descobertas. Apenas dez países têm 90% dos pedidos de patentes genéticas de organismos marinhos e três deles (Estados Unidos, Alemanha e Japão) têm 70%.

Isso pode fazer com que o fosso entre países ricos e pobres aumente ainda mais, com as inevitáveis tensões sociais decorrentes, e causar atritos diplomáticos capazes de prejudicar eventuais compromissos em decisões sobre problemas críticos, como os das mudanças climáticas.

Fonte: estadao.com.br 

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Arquiteto diz que energia solar pode ser financiada por emissões

Karina Ninni - estadao.com.br

Norbert Lechner é professor da Faculdade de Arquitetura, Design e Construção da Universidade de Auburn, nos EUA, e autor do livro "Heating, Cooling, Lighting: Sustainable Design Methods for Architects", uma bíblia da arquitetura sustentável. Ele veio ao Brasil para o 3º Simpósio Brasileiro da Construção Sustentável, que termina nesta terça-feira em São Paulo, e falou ao Estadão.

Estadão - Em seu livro Heating, Cooling and Lightening, você afirma que as construções são responsáveis por 48% de toda a energia consumida no mundo (40% para a manutenção dos prédios e 8% para a construção propriamente dita). Você acredita que o setor da construção civil terá incentivos para mudar esse cenário nos próximos anos mesmo que os líderes reunidos em Cancún não decidam por um acordo legalmente vinculante sobre emissões?

Lechner – A popularidade do sistema LEED (sistema de certificação) nos EUA indica um interesse crescente pelas construções sustentáveis. Muitos, senão a maioria, dos atores do setor de construção estão interessados no que chamamos “green building” nem tanto por questões ideológicas, mas porque querem estar preparados para ganhar dinheiro com aquilo que acreditam ser o futuro do setor. Com base nos resultados de negociações internacionais passadas sobre aquecimento global, eu não espero que acordos internacionais sejam a resposta para o problema. Acho que cada país tem de estipular uma taxa sobre o carbono. Quando alguns países-chave adotarem uma taxa, os outros os seguirão.

Estadão: A casa "zero em energia" (zero energy) é um projeto realmente possível? Temos as ferramentas para construir casas que consumam quase nada de energia?

Lechner – Do ponto de vista técnico, ela é possível, sim, tanto que já existem projetos. As construções zero em energia são baseadas em duas estratégias: eficiência energética e uso de energia renovável. Normalmente, o consumo de energia é reduzido em 80% por medidas de eficiência energética e os 20% que sobram podem ser produzidos por células fotovoltaicas, ou seja, energia solar. E esta pode se tornar economicamente viável se taxarmos o carbono.

Estadão: Do ponto de vista arquitetônico, é mais difícil criar um projeto sustentável em cimas tropicais ou em cimas temperados?

Lechner - Os climas temperados são muito complicados porque raramente são realmente temperados. São quentes no verão e muito frios no inverno. Portanto, as construções têm de ser desenhadas para atender a demandas opostas: aquecer no inverno e resfriar no verão. Isso inclui, por exemplo, dominar mecanismos de sombreamento a ponto de deixar o sol do inverno passar para o ambiente, mas não o sol do verão. Quanto aos climas tropicais, há dois tipos: quentes e secos e quentes e úmidos. Os primeiro são mais fáceis, porque neles as técnicas de resfriamento econômicas em energia funcionam muito bem. Nos climas quentes e úmidos, isso não acontece. Portanto, em locais de clima equatorial as construções têm de ser desenhadas para minimizar o uso de ar condicionado.

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Energia Eólica: mitos e fatos
Muitas pessoas nos perguntam sobre esta tecnologia que, apesar de não ser tão nova, só agora começa a ser difundida no Brasil.
Selecionamos aqui algumas das principais dúvidas apresentadas pelo mercado:

O Mito: "A energia eólica é cara"
Os fatos:
A energia eólica pode competir com outras opções de geração de energia em locais com ventos intensos e regulares.
Por outro lado, o vento não pode competir com o custo de produção de eletricidade a partir de uma usina de energia existente, que já foi depreciado e pago pelos contribuintes ou consumidores de electricidade. Em locais com bons ventos, no entanto, esta modalidade de geração se torna cada vez mais competitiva em relação a outras tecnologias, tendo em conta principalmente o aumento dramático dos preços do petróleo e do gás.
O petróleo, que influencia o preço do gás, aumentou de uma média de US$ 14 em 1998 para cerca de US$ 100 em 2008, com os preços tendendo a se manter acima dos US$ 100.
O custo atual de produção de electricidade a partir de energia eólica varia de aproximadamente 6 a 8 centavos de Euro por KW/h em locais com baixa a média velocidade média do vento e 4 a 5 € centavos de Euro por KW/h em locais abastecidos por ventos intensos e regulares.

Os custos da energia eólica são previsíveis e se mantém em queda.

Historicamente, o custo por KW/h produzido para novas turbinas caíram entre 9% e 17% para cada duplicação da capacidade instalada. Em áreas costeiras, por exemplo, o custo médio diminuiu de cerca de 9,2 centavos de Euro por KW/h para uma turbina 95 KW/h em meados dos anos 1980 para cerca de 4,4 centavos de Euro por KW/h para um gerador de 2 MW/h na atualidade.
Fabricantes de turbinas esperam que o custo de produção caiam de 3% a 5% para cada nova geração de turbinas eólicas desenvolvidas.
Olhando para o futuro, se a capacidade total instalada de energia eólica duplicar nos próximos cinco anos, o custo de produção de uma turbina de médio porte (até 1,5 MW) em um bom local poderia chegar a 3,1-4,4 centavos de Euro por KW/h.
Para efeito de comparação, a Comissão Europeia coloca o custo de geração de gás de ciclo combinado a 3,5-4,5 centavos de Euro por KW/h. Em relação a usinas de carvão, o custo chega a 4 a 5  centavos de Euro por KW/h. Em 2004 um estudo do MIT (Massachusetts Institute of Technology) estimou que o custo da geração nuclear está em torno de 5,1 centavos de Euro por KW/h.

A energia eólica seria ainda mais econômica se operada em condições de concorrência equitativas.

Se os custos indiretos relativo aos danos a saúde e outros efeitos ambientais dos demais combustíveis forem  adicionados, o projeto Extern E da Comissão Europeia concluiu que o custo da geração a carvão dobraria e o custo da geração usando gás aumentar aumentaria em 30%.
Um estudo recente da Emerging Energy Research para a fabricante de turbinas Vestas conclui que, se um custo de 30 Euros por tonelada de CO2 for aplicado às emissões provenientes de usinas de combustíveis fósseis, a energia eólica seria a fonte mais barata de geração na Europa.
Um dos benefícios econômicos mais importantes da energia eólica é o fato de submeter países e produtores de energia "a redução da exposição à volatilidade dos preços do combustível". Esta redução de risco não é atualmente responsável pelos métodos padrão de comparação de custos de eletricidade, que têm sido utilizadas pelas autoridades públicas, incluindo a Agência Internacional de Energia da Comissão Europeia, por mais de um século.

O Mito: "A energia eólica prejudica o meio ambiente"
Os fatos: A energia eólica beneficia o meio ambiente


A operação da produção de energia eólica não produz emissões prejudiciais ou qualquer resíduo perigoso. Não esgotam os recursos naturais como os combustíveis fósseis fazem, nem causam danos ambientais através de extração de recursos, transporte e gestão de resíduos.
Em um parque eólico as turbinas se ocupam menos de 1% da área do terreno.Quando entram em funcionamento as atividades já existentes como a agricultura ou rodovias podem continuar ao seu redor. Animais de fazendas, tais como vacas e ovelhas, não são perturbados.
Qualquer impacto sobre o meio ambiente local (veja abaixo) deve ser visto como muito menos maléficos em relação as outras modalidades de geração, pois não agravamo as pressões das mudanças climáticas nem sobre o equilíbrio da natureza.

Energia eólica tem impactos limitados sobre os habitats e a vida selvagem

Na Europa, os desenvolvedores de parque eólicos realizam uma Avaliação de Impacto Ambiental para garantir que o seu efeito potencial a fauna e a flora sejam cuidadosamente considerados antes da construção ser iniciada. Eles também trabalham em estreita colaboração com grupos de conservação e vida selvagem para garantir que os novos desenvolvimentos sejam inócuos a habitats existentes. Em muitos casos os impactos podem ser evitados ou reduzidos, ajustando a localização de todo o projeto, o número de turbinas ou re-localização das turbinas.
O impacto global da energia eólica sobre os pássaros, morcegos, outros animais selvagens e dos habitats naturais é altamente específicas em relação ao local. Além disso, os impactos de energia eólica são extremamente baixos em comparação com outras atividades humanas. Mortes de aves voando em turbinas eólicas representam uma pequena fração daqueles causados ​​por outros seres humanos relacionados com  outros fatores, tais como gatos e edifícios. Estatísticas dos EUA mostram que 100 milhões de aves são mortas por colisão com edifícios a cada ano e até 80 milhões em colisões com veículos. Em comparação, estima-se que as turbinas eólicas comerciais os EUA causem a morte direta de apenas 0,01-0,02 de todas as aves mortas anualmente por colisões com estruturas feitas pelo homem e demais atividades humanas.
Na Europa, um estudo de 2003, na província espanhola de Navarra - onde estão instaladas 692 turbinas operando em 18 parques eólicos - descobriram que a taxa de mortalidade anual de aves médias e grandes empresas é de apenas 0,13 por turbina.
No Reino Unido, a Sociedade Real para a Protecção das Aves diz que "não temos até agora qualquer testemunho de maiores efeitos adversos sobre as aves associadas com parques eólicos".
A energia eólica é silenciosa

A uma distância de 300 metros uma turbina eólica moderna de grande porte não é mais ruidosa do que uma geladeira. As melhorias no design reduziram drasticamente o ruído de componentes mecânicos, e o som mais audível é o do vento interagindo com a lâmina do rotor. Isto é similar a um som sibilante e muito mais silencioso do que outros tipos de modernos equipamentos. 

O Mito: "A energia eólica não é confiável e sempre precisa de back-up"
Os fatos: A energia eólica é variável, mas não imprevisível


A geração de eletricidade por turbinas eólicas depende da força do vento a qualquer momento. É, portanto, variável, mas não imprevisível. Parques eólicos são escolhidos após uma análise cuidadosa para determinar o padrão do vento, incluindo a sua força relativa e direção em momentos diferentes do dia e épocas do ano.
As previsões de vento melhoraram enormemente nos últimos anos, em parte com base em previsões meteorológicas.
Na Alemanha, por exemplo, o Wind Power Management System, desenvolvido pelo instituto de pesquisa ISET em Kassel , permite previsões para geração de energia eólica com até 72 horas de antecedência.

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Alterações climáticas podem trazer graves mudanças no ecossistema, afirma NASA


ScienceDaily (18 de dezembro de 2011) - Em 2100, a mudança climática global irá modificar comunidades vegetais que cobrem quase metade da superfície terrestre do planeta, convertendo quase 40 por cento dos ecossistemas terrestres de um tipo de comunidade ecológica - como florestas, pastagens ou tundras - em outras, conforme um novo estudo da NASA.
Pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, investigaram como a vida vegetal da Terra podrão reagir ao longo dos próximos três séculos com as mudanças do clima do planeta em resposta a níveis crescentes de gases de efeito estufa produzidos pelo homem. Os resultados do estudo estão publicados na revista Climatic Change .
As projeções demonstram um modelo que mostra um retrato da crescente mudança ecológica e o estresse na biosfera da Terra, com muitas plantas e espécies animais que enfrentam competição crescente para a sobrevivência, bem como reposição de espécies importantes, além de espécies que podem invadir áreas ocupadas por outras.


Além das alterações das comunidades vegetais, o estudo prevê que a mudança climática vai perturbar o equilíbrio ecológico entre plantas interdependentes e muitas vezes ameaçadas,  espécies animais, reduzindo a biodiversidade e afetando adversamente o suprimento de água, ciclos do carbono e outros elemento.

"Há mais de 25 anos, os cientistas têm alertado para os perigos de mudanças induzidas pelo homem do clima", disse Jon Bergengren, cientista que liderou o estudo. "Nosso estudo apresenta uma nova visão da mudança climática, explorando as implicações ecológicas decorrentes do aumento de alguns graus de aquecimento. Enquanto avisos do derretimento de geleiras, elevação dos mares e outras mudanças ambientais são ilustrativos e importantes, em última análise, são as conseqüências ecológicas que mais importam. "

Quando confrontados com a mudança climática, espécies de plantas muitas vezes precisam migrar ao longo de suas gerações, uma vez que só pode sobreviver, competir e se reproduzem dentro da faixa de climas em que são evolutivamente e fisiologicamente adaptadas. Enquanto as plantas da Terra e os animais evoluíram para migrar em resposta a mudanças sazonais ambientais e transições maiores, como o fim da última idade do gelo, muitas vezes não estão adaptadas para acompanhar a rapidez das mudanças climáticas modernas. Atividades humanas como a agricultura e urbanização estão destruindo cada vez mais os habitats naturais da Terra, e freqüentemente impedem plantas e animais de migrarem com sucesso.

Para estudar a sensibilidade dos sistemas ecológicos da Terra às mudanças climáticas os cientistas usaram um modelo de computador que prevê o tipo de comunidade vegetal que é exclusivamente adaptado para um determinado clima. Este modelo foi usado para simular o futuro estado da vegetação natural da Terra em harmonia com as projeções do clima a partir de 10 diferentes simulações do clima global. Estas simulações são baseadas no cenário intermediário de emissão de gases de efeito estufa das Nações Unidas "Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - Relatório de Avaliação, quarta mudança".



Esse cenário indicam que os níveis de gases de efeito estufa vão dobrar até 2100 e depois estabilizar. O relatório da ONU sobre o clima prevê um planeta mais quente e úmido, com o aumento da temperatura global em 2 a 4 graus Celsius até 2100.

Os pesquisadores descobriram uma mudança de biomas, ou os principais tipos de comunidade ecológica, na direção dos pólos da Terra - mais dramaticamente em pastagens temperadas e florestas boreais - e em altitudes mais elevadas. Ecologicamente sensíveis, os "hotspots" - áreas projetadas para submeter-se ao maior grau de rotatividade de espécies - que foram identificados pelo estudo incluem as regiões do Himalaia e no Planalto Tibetano, leste da África equatorial, Madagascar, a região do Mediterrâneo, o sul da América do Sul,  os Grandes Lagos da América do Norte e áreas de grandes planaltos. As maiores áreas de sensibilidade ecológica e mudanças do bioma previsto para este século são, encontradas em áreas com a mudança climática mais dramática: em latitudes elevadas do Hemisfério Norte, particularmente ao longo das fronteiras norte e sul das florestas boreais.

"Nosso estudo desenvolveu uma forma simples, consistente e quantitativa para caracterizar os impactos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas, avaliando e comparando as implicações do modelo de projeções climáticas", disse o co-autor Duane Waliser, da JPL. "Esta nova ferramenta permite aos cientistas explorar e compreender as inter-relações entre os ecossistemas da Terra e do clima e para identificar regiões projetadas para ter o maior grau de sensibilidade ecológica."

"Neste estudo, temos desenvolvido e aplicado duas novas métricas de sensibilidade ecológica para investigar o grau de potencial de mudanças comunidade vegetal ao longo dos próximos três séculos", disse Bergengren. "O surpreendente grau de sensibilidade ecológica dos ecossistemas prevista por nossa pesquisa destaca o imperativo global para acelerar o progresso no sentido de preservar a biodiversidade através da estabilização do clima da Terra."